quinta-feira, 4 de abril de 2013

UM JOVEM EMPREENDEDOR BRASILEIRO VAI PARAR EM FÓRUM NA ONU - TUDO É POSSÍVEL

DESCULPAS SÃO MULETAS...

 

Um passarinho me chamou para a ONU

04 de abril de 2013, 15:40
Escrito por Marcelo Tas
     
Marco Gomes tuitando na ONU (Foto: Talita Ribeiro)

por Endrigo Chiriequipe Blog do Tas

Um belo dia, Marco Gomes acessou o Twitter e lá estava uma menção ao seu nome que dizia: “Oi, sou da ONU e gostaria que você participasse do Fórum da Juventude ECOSOC 2013”. “Respondi pra ele: mas isso é piada, né?”, conta o fundador da boo-box. O interlocutor garantiu que não, então eles trocaram e-mails, telefonemas, agendas e no dia 27 de março ele foi parar em Nova York, na sede da ONU.
Foi o passarinho que chamou mas o que levou Marco Gomes, prestes a completar 27 anos, a representar a América Latina no evento promovido pelo Conselho Econômico e Social foi seu trabalho à frente da boo-box, a primeira empresa brasileira de anúncios em blogs, sites e redes sociais, criada em 2006 e incluída pela revista Fast Company na lista das 50 empresas mais inovadoras do mundo em 2012.
Em sua participação, Marco Gomes levanta assuntos relevantes como privacidade, liberdade de informação, Marco Civil e empreendedorismo na internet. A seguir, ele conta ao Blog do Tas como foi a experiência na Organização das Nações Unidas.
No Fórum da Juventude ECOSOC 2013, você participou do debate “Juventude: um motor para a economia criativa”, o que foi discutido na mesa?Marco Basicamente nós conversamos sobre o papel dos empreendedores e da tecnologia para economia criativa. Além de falar sobre inovação, foquei  no poder de influência que a mídia independente tem, as mídias sociais, os blogs… O poder das pessoas poderem publicar o que acham é o verdadeiro motor da democracia. Todos os veículos de mídia têm interesses por trás da superfície daquilo que você está lendo, enquanto que a mídia independente é bem mais isenta e confiável. Manter essa mídia independente é muito importante, e esse é o trabalho da minha empresa. A gente ajuda os independentes a ganhar dinheiro com publicidade e ajuda os anunciantes a estar nesse ambiente.
E falei também da importância da legislação na América Latina, não as leis de crimes de internet, que no Brasil já estão sendo feitas, como a Lei “Carolina Dieckmann” [a lei 12.737, que entrou em vigor dia 02.04], que inibe a inovação de software no Brasil, criminaliza o produtor do software, e não quem usou ele para fazer algo errado. Uma lei prejudicial para a inovação no Brasil. Mas pouco tem sido falado sobre os direitos e garantias das pessoas que usam a internet, garantias de liberdade, de privacidade, de controle de informação. Eu ajudei a escrever o Marco Civil da Internet há alguns anos e ele está parado até hoje na Câmara dos Deputados. Os direitos dos cidadãos brasileiros na internet não estão garantidos.
Além dos que dividiram a mesa com você [Barbara Birungi, do Women in Technology em Uganda e Jorge Just da Universidade de Nova York], quais outros jovens criativos você gostou de conhecer no Fórum?Realmente ali estavam os maiores líderes da juventude atual, pessoas incríveis, um dos maiores líderes da revolução no Egito, organizada pelas redes sociais, estava lá. A Barbara, de Uganda, tem uma organização para ajudar mulheres a se inserir na vida digital e trabalhar com tecnologia. Foi muito bom ver como outros jovens estão solucionando os problemas ao redor do mundo, cada um com suas limitações, e em nenhum lugar é fácil. Todos encontram dificuldades diferentes, mas têm soluções sendo aplicadas.
O que é Economia Criativa?Economia criativa é uma maior independência e uma maior relevância para todos os trabalhos criativos, como música, fotografia, vídeo, literatura… Não que essas coisas não fossem feitas antes, mas a tecnologia trouxe um poder de independência, você consegue ser um escritor de abrangência mundial com muito menos intermediários, e consegue ganhar dinheiro com isso para continuar sua produção. A gente ajuda 40 mil produtores de conteúdo a ganhar dinheiro com o que eles fazem para a internet, e nenhum deles é funcionário de um grande grupo de mídia.
E o quanto ela está atrelada à internet e à tecnologia?Ela não depende da tecnologia para existir, mas sem dúvida é uma importante plataforma, que permite que as coisas ganhem relevância. Basicamente são pessoas que ganham dinheiro com seu trabalho criativo, o inverso do processo industrial. Elas ganham dinheiro com o que elas criam, em escala profissional, e com resultados relevantes pra economia de um país. É uma profissionalização de coisas que antes eram bastante amadoras e ao acaso.
De que forma participar do Fórum abriu sua cabeça?Estava lá uma menina de 16 anos, a americana Adora Svitak, que publica livros desde os 8, já deu palestra no TEDTalks, e você percebe que desculpas que as pessoas dão são meio inválidas. Ela tem 16 anos e está falando na ONU! Isso me mostrou que as desculpas realmente são só as muletas dos acomodados. É só uma justificativa que você dá para você mesmo para deixar de fazer alguma coisa, mas nunca é o motivo real. Desculpas não justificam deixar de fazer.
Como foi pra você ir parar na ONU aos 26 anos?Eu não esperava, obviamente nunca imaginei que estaria na ONU conhecendo o Secretário Geral, e principalmente representando a América Latina. Foi uma oportunidade incrível pra mim. Nunca imaginei que isso fosse acontecer, mas também não deixo deslumbrar, tem muito trabalho a fazer no Brasil, minha empresa é muito pequena. O que vem pela frente é muito maior do que o que aconteceu agora.

 
fonte: blog do Tas